terça-feira, abril 19, 2011

Silêncio!




Mãe preste muita atenção
no favor que eu lhe peço.
Não se assuste que é bem fácil,
não necessita dinheiro,
nem tampouco ir pra longe
pra buscar o que eu quero.

Vá à casa do vizinho
que mora ali ao lado,
peça à ele que desligue,
com jeito e com cuidado,
tal máquina cujo ruído
me tem muito atormentado.

Depois passe lá na rua
e diga no mesmo instante
à qualquer um que passar,
criança ou gente grande:
que não grite, que não fale,
que não brinque, que não cante!

Mande os bichos lá de fora,
cães, gatos e passarinhos
e até mesmo o Bem-te-vi
que bem vê tudo em seu ninho,
ficarem por um momento
calados e bem quietinhos!

Acima de tudo isso
ordene aos motoristas,
caminhoneiros, pilotos,
motoqueiros, manobristas
pra guiarem seus veículos
bem longe, por outras pistas.

Ao voltar pra casa mãe,
nem pense em dizer que não,
não julgue, não faça drama,
nem ponto de exclamação...
Basta que desligue o rádio,
desligue a televisão.

É que hoje, mãe, desejo
uma coisa sem sentido:
ouvir o som estrondoso
do silêncio em mim contido,
que de tão absoluto,
inalcançável tem sido

Apenas poder ouví-lo
fazendo-me renascer.
Silêncio que de tão forte
nem a profunda surdez
tampouco a madrasta morte
não poderiam trazer.

Daniela Rodrigues
18.04.2011

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