terça-feira, fevereiro 22, 2011

Ode à Insônia


Outra vez em minha vida
seja bem-vinda e discreta,
Oh, minha insônia querida
que tranforma-me em poeta.

Enquanto eu, aqui sozinha,
concretizo meus versinhos,
durma bem, oh mamãezinha,
e sonhe com os anjinhos.

Durma bem meu irmãozinho.
Papai, não fique acordado!
Eu vos guardo com carinho
os vossos sonhos cansados.

Não irei pra cama agora
de nenhum jeito e maneira.
O sono, como outrora,
não me fará prisioneira.

De dia eu não me gosto,
visto que não sou alada.
Na poesia sempre aposto,
sempre sonho acordada.

A insônia que, em vão,
sempre aos outros enlouquece,
vem me dar inspiração,
minha mente enaltece.

Só quando o sol apontar,
rasgando o anil estrelado,
e o sonho se desmanchar
em quem já acorda deitado...

A insônia não mais terei,
terei só minha poesia.
Feliz, então, dormirei
na minha noite do meu dia.

Daniela Rodrigues
08.06.2010




Bobagens


Anseio de escrever alguma coisa louca,
alguma coisa urgente e mais que tudo: bela!
Já criei cinco títulos de poemas...
mas não consegui terminar nenhum!
Tenho muita pena daqueles poeminhas sem nome,
daqueles pobres sonetos enumerados...
Mas no meu caso é diferente.
Existem os nomes...
só que sem os poemas!
Eu não estou vendo nenhuma loucura,
urgência ou beleza nisso que estou escrevendo.
Então, é melhor parar por aqui,
antes que alguém pense que só escrevo...
                                                             BOBAGENS!

Daniela Rodrigues
25.08.2010

Crac! Crec!



Quebra...
do silêncio,
da ponta do lápis,
da bolsa de valores.

Quebra do verso!

E todas essas quebras
se encontram lá na quebrada
pra compôr uma música
não muito melódica.

Crac! ...quebrou o silêncio!
Crec! ...a ponta do lápis!
Crac! ...agora a bolsa!
Crec! ...quebramos o verso!

Assim, sucessivamente, vão
sempre quebrando-se as coisas
e formando: loucas onomatopéias!

Daniela Rodrigues
24.05.2010

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Tenham Paciência!


Tenham paciência comigo,
eu vos peço, por favor.
Minha poesia é criança,
mas também tem seu valor.

Você, escritor famoso,
sábio, renomado e culto...
Diga se sabia antes
qual seria o seu futuro?

Não critiquem minha obra.
Não façam resenha. Nada!
Sou muito pequena ainda,
para ser analisada.

Quando eu for inteligente
e minha arte for madura,
então podereis julgar-me
dentre a literatura.

Mas agora eu vos peço:
paciência, por favor!
Minha arte é singela,
mas é feita com amor.


Daniela Rodrigues
13.05.2010

Te Tenho

Meu filho, hoje eu te tive,
primeira vez em meus braços,
sentindo esse forte laço,
feliz como nunca estive.

Hoje, meu filho, eu te tive.
'Sperança por demais linda,
doçura sempre bem-vinda,
vida vinda de quem vive.

Te tive e vou te ter
ainda por muito tempo
até chegar o momento
de você voar, crescer...

Mas sempre que precisar
de colo ou de abrigo
também me terás contigo,
para sempre vou te amar!
               
                   Daniela Rodrigues
       10.05.2010 (após o Dia das Mães)




segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Umas Palavras


As palavras que eu digo,
cem, mil, cinco mil por dia.
Quem dera eu, ai de mim,
dizer algo e ser ouvida.

Minhas palavras ecoam
dentro do meu pensamento,
querem sair, mas não saem,
morrem no esquecimento.

Será que sou tranparente,
para não ser enxergada?
Será minha voz insonora?
Nem sequer é escutada.

E é nessa angústia que emerge
e se funde às que já tenho,
desditosa do que digo,
venturosa do que penso

Que, desesperadamente,
com o discurso já perdido,
bem profundo no meu âmago,
silenciosa, eu grito.

Daniela Rodrigues
  24.05.2010

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Kung Fu


Certa tarde eu encontrei,
pôr-do-sol num céu laranja,
dois homens chineses que
lutavam a sua dança.

Tinham os olhos rasgados
e alvos eram seus rostos.
Negros cabelos em tranças,
tanto o velho quanto o moço.

Sobre o chão e sobre tudo
mais parece que planavam,
tão leves, deveras, que
se moviam e voavam.

As espadas tilintavam
naquele choque de cores,
Gritando guturalmente
defendiam seus valores.

Até que reinou o silêncio
na paisagem delirante,
dando um desfecho ao drama
da batalha incessante.

O moço, forte e ligeiro,
deu seu golpe mais letal,
cravou a espada no peito
do velho, que era o rival.

O velho então, já partindo,
frente ao moço se curvou.
E eu assisti sorrindo
até que o filme acabou.

                                Daniela Rodrigues
                                                  24.05.2010

Insônia

Os meus pensamentos pensam
neste frio amanhecer.
O galo já está cantando
o dia já vai nascer.

Já que o sono inadimplente
vem, de mim sempre fugindo,
resta agora eu escrever
tudo o que estou sentindo.

Lembro-me agora de tudo,
da véspera o que passara,
quem amei alegremente
e quem nunca me amara.

E surge um desassossego
que me furta a alegria.
Dentro do meu pensamento,
um rumor que eu não queria.

Dizendo-me quantas vezes
eu amei sem ser amada,
e que tantas dessas vezes
falei sem ser escutada.

E o que mais me desampara
é que, nesta noite alta,
sinto que, se fosse embora,
à ninguém faria falta.

Os meus pensamentos pensam
neste frio amanhecer.
O galo já está cantando,
o dia já vai nascer.

             Daniela Rodrigues
      20.05.2010

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Mania de poeta

De raios de sol a noite se pinta
e eu com essa mania de poeta.
Toda mulher devassa se torna distinta
e eu com essa mania de poeta.
Um ser fica são, antes era louco
e eu com essa mania de poeta.
Devaneio da noite, onde o grito é tão rouco
e eu com essa mania de poeta
Desmancham-se agora desejos tão vãos
e eu com essa mania de poeta.
Bandidos se tornam normais cidadãos
e eu com essa mania de poeta.
Uma moça chora seu amor distante
e eu com essa mania de poeta.
Telefones mudos tocam a cada instante
e eu com essa mania de poeta.
Casais se abraçam pra aquecer o frio
e eu com essa mania de poeta.
Meninos dormem de estômago vazio
e eu com essa mania de poeta.
Nesse momento nasce uma criança linda
e eu com essa mania de poeta.
E no mesmo instante outra vida se finda
e eu com essa mania de poeta.
Tanta coisa acontece, chega a madrugada
e eu com essa mania de poeta.
E é mais uma noite que eu passo acordada
com essa estúpida mania de poeta!

                                                                                              Daniela Rodrigues
                                                 11.06.2010

Economia familiar


A menina tem 4 anos, aborda o pai com um sorriso no rosto e pergunta:
-Papai, me dá 1 real?
E o pai, deixando o jornal de lado, devolve o sorriso e responde:
-Hum, não acha que isso é muito pra uma menininha tão pequena? 
Tome essas moedas e pode ir comprar seus doces.

A menina agora tem 13 anos, sem muita hesitação vai logo dizendo:
-Paiê, me dá 10 reias?
Encarando-a nos olhos ele, meio que sem saber dizer não, responde:
-O que é que você vai comprar hein, mocinha?
-Ah pai, me dá logo!
E o pai:
-Tá bom vai, pega lá na minha carteira.

Finalmente a menina faz 18 e, num gesto automático e necessário, pede:
-Pai...me dá 50 reais?
E para surpresa dela o pai se levanta, olha-a no fundo dos dos olhos e indaga de supetão:
-Sossega menina! Já tá mais que na hora de você arranjar um emprego e finalmente largar do meu pé!

       Daniela Rodrigues
24.05.2010

À Quem Pensa e Não Vive.


Meu caro amigo…
Nunca se deixe envenenar
pelo conhecimento.
O saber é uma droga nociva
que lhe mata dando-lhe vida,
que lhe tira a liberdade
e a inocência de não saber nada.
Se é que posso dar-te um conselho,
preste atenção:
Não pense demais,
sempre, e pra tudo!
Como Alberto Caeiro diria:
“Pensar é não compreender…
é estar doente dos olhos…”
Quer verdade mais óbvia que esta?
Visto que quem pensa demais, não age.
E quem não age, não existe!
A vida não é para ser pensada.
Apenas viva então,
sem dar tanta importância
a tantos pormenores.
Que é a vida senão um diálogo
entre bêbados?
Todo sentido da vida vida
está no simples fato
de ela não fazer sentido algum.
Ah, mais uma coisinha…
Se tens algo à dizer, diga!
Não pense muito antes de dizer,
de expressar sua opinião.
Se demoras demais para falar,
se não se mostra presente
aos que estão ao seu redor,
quando se der por si
a situação haverá mudado
e o que ia dizer se perderá
em seus pensamentos.
Serão imperceptíveis então,
você e seus pensamentos.
Visto que quem pensa demais, não dialoga.
E quem não dialoga, não existe!
                      
                                                                     Daniela Rodrigues
                                                                                        11.06.2010